Eu sempre disse que cada vida tem uma história para contar e, de alguma forma, seguirei a minha própria máxima. Conto com a opinião sincera de vocês para melhorar nos próximos textos.
Sem a intenção de me tornar escritora, tampouco ser a dona da verdade, começo por uma pessoa muito especial: minha única sobrinha.
Histórias I: Vencendo desde o nascimento
O nome dela seria Vitória, numa homenagem à própria luta pela sobrevivência. Pois, se não fosse uma manobra arriscada dos médicos, as vidas da pequenina e da própria mãe teriam sido abreviadas por uma eclampsia. Sem alternativa, ela nasceu dias antes da gestação completar sete meses.
Então, veio ao mundo a menina que ainda não tinha os órgãos totalmente prontos para suportar a vida aqui fora. Os cabelos escuros foram raspados minutos depois de nascer: deram lugar a um butterfly encarregado de levar soro ao corpo de 40 centímetros e 1,5 kg.
De tão pequena, poderia dormir numa caixa de sapatos. Mas acabou ganhando uma incubadora como primeiro berço. A fragilidade era acentuada pela sonda nasogástrica que entrava pelo nariz e ia até o estômago.
Filha de adolescentes, a menina passou o primeiro mês de vida no hospital. A mãe tinha pouco leite e a guriazinha demorou a ganhar peso.
Mas o desejo de atravessar aquele momento difícil parecia maior do que todas as dificuldades enfrentadas em tão pouco tempo de vida. Até hoje, um dos avós conta uma história que demonstra a vontade de viver da menina. Numa certa manhã, na UTI neonatal, ao encostar o dedo mínimo na frágil mãozinha, ele sentiu ser apertado pela neta.
Quando completou 60 dias, o bebê que se chamaria Vitória ganhou a liberdade. O nome registrado na certidão de nascimento foi sugestão do próprio pai, que desde a infância mantinha o desejo em segredo.
Com dois quilos, ela foi ao mundo nos braços da família. E não parou mais de sorrir. Nos dois primeiros anos de vida, ainda enfrentou problemas cardíacos como conseqüência do nascimento prematuro. O medo de agulhas _ foram tantas picadas no hospital _ a fez temer injeção por um longo período.
Hoje, aos 11 anos de idade e totalmente saudável, ela gosta de ouvir as histórias sobre o próprio nascimento. Duvida de alguns momentos, sorri em outras passagens. Parece ter o orgulho renovado a cada capítulo recontado com detalhes pela família.
A menina de sorriso largo e olhos brilhantes cativa a quem se aproxima. Gosta de cozinhar, de teatro na escola e de brincar com um estetoscópio estragado. Sonhadora, planeja ser médica no futuro (ainda que esteja cursando a quinta série do Ensino Fundamental).
E, apesar de ter iniciado a trilha num caminho cheio de pedras, mas repleto de amor, para Thielly Pires Custódio nada será impossível.
4 comentários:
Aline,adorei.Só quem viveu isso tudo ,como nós sabe a importancia dessa princesa, a nossa cabrita ela é tudo de bom a minha filhotinha,e mais a minha amigona,valeu!!!!
Que bacana, Aline. Além de contar histórias pra gente tu não deixa de treinar o faro, né??
Beijo, Lu
Acabei no teu blog por acaso e adorei este texto. Não sou jornalista, mas achei ele emocionante. Um abraço.
Aline,quando te encontrei na rua e comentei contigo que leio e releio o que escreves no teu blog,tu ainda não tinhas escrito nada sobre outras pessoas,apesar de comentar que o faria, hoje ao entrar aqui e ler a históra que escreveste me emocionei, pois tu escreves muito bem consegues passar uma emoção que somente quem tem o dom da escrita é capaz, me resta te dar os parabéns e pedir que continues a escrever.Grande abraço!
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