Então, para não deixar esta página abandonada, postarei um dos meus textos publicados nos jornais Zero Hora e Diário Gaúcho (antes da cirurgia e do meu afastamento). Acredito que é uma daquelas histórias para se tirar alguma lição. A foto é da Andréa Graiz. Hoje, não sei como estão os personagens deste "conto da vida real". Se alguém souber notícias, por favor, me escreva!
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Paixão abre grades de presídio para uma visita especial (texto publicado em 13/06/08)
Uma história de amor acabou com beijo entre o mocinho e a mocinha ontem, Dia dos Namorados, na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, na Capital. Depois de persistir três meses em frente ao prédio fazendo juras à mulher, presa no local, o morador de rua Márcio Fabiano da Silva, 33 anos, reencontrou a amada, Ginasson de Dutra Carvalho, 24 anos.
Viciada em crack, ela foi detida quando furtava fios de energia elétrica. Gina, como é chamada carinhosamente por Márcio, só se comunicava com o marido pela janela do prédio. Sem documentos, ele, apelidado de "Amor" pelos funcionários do Pelletier, passava os dias em frente ao local, entorpecido pelo álcool, sem poder visitá-la.
A história da paixão incondicional comoveu a assistente social da penitenciária, Fernanda Gravina. Ela pediu à direção uma autorização para Amor visitar a mulher. Para que pudesse abraçá-la na data, a exigência foi que estivesse sóbrio. Promessa cumprida, Márcio, de banho tomado e apertando as mãos em sinal de nervosismo, esperou pacientemente a hora de cruzar as grades do prédio.
Segundo Fernanda, a visita fora da data foi um fato inédito no Pelletier. Enquanto aguardava, Amor bebericou um café oferecido pelos funcionários do presídio e, emocionado, falou pouco antes de rever a amada:
- Pedirei que ela largue essa vida e volte para mim e para os filhos.
No encontro, que durou uma hora e 20 minutos e foi presenciado apenas pela assistente social, Amor e amada trocaram promessas. Ele, de largar o álcool. Ela, as drogas. Os dois vivem juntos há seis anos e têm dois filhos, que estão com os pais dele, no bairro Petrópolis.
- Foi um momento muito bonito, de amor verdadeiro - relatou Fernanda.
A assistente social pretende ajudar Amor a fazer a segunda via da carteira de identidade. Assim, ele poderá visitar Gina todos os domingos, até a saída dela da prisão.
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